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Stranger Things (4º temporada) | Crítica

Início morno, final épico

Eleven

ESTE ARTIGO NÃO CONTÉM SPOILERS

Publicado por: Lexrenato

Depois de um longo período, cerca de 2 anos, a Netflix lança finalmente a 4º temporada de Stranger Things, uma das séries de mais sucesso do streaming - se não a de mais sucesso.

Nessa nova aventura, passaram-se cerca de 8 meses desde os eventos da terceira temporada. Aqui, a cidade de Hawkings se recupera das tragédias dos últimos eventos, quando estranhamente alguns adolescente começam a aparecer desfigurados e mortos. Já de início, estranhamos um pouco, pois essa elipse de tempo exposta na série não é suficiente para aceitarmos a diferença de altura e mudança visual de alguns personagens. O núcleo infanto-juvenil, por exemplo, agora é um núcleo adolescente, e a série não consegue (e nem tenta), explicar toda essa mudança. No entanto, não se aflija, isso é um mero detalhe.

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Conforme a trama se desenrola, vemos a série ser dividida em diferentes núcleos. Esse fenômeno tende a ser prazeroso para o telespectador, pois lhe dá um descanso de certos temas da trama, porém, a justificativa aqui nem foi em prol de você que assiste. Boa parte da produção foi gravada ainda no período de distanciamento social, e por isso, durante algum período você não vê personagens contracenando juntos.

Por falar em personagens… Muito se fala que para que o arco do herói seja bom (aqui heróis e heroínas), é necessário que seu vilão seja ameaçador para eles - os personagens, e para nós - o público. Neste quesito a produção acertou em cheio. Ao invés de monstros genéricos como nas temporadas anteriores, desta vez a série trabalha toda a criação de uma motivação e um background para o vilão, (atrelado ainda a um excelente trabalho da equipe de maquiagem). Sendo assim, com a união desses poderes… digo, com a união desses elementos, é construída uma das criaturas mais assustadoras da cultura pop atual. Com pequenos deleites sutis no clássico Freddy Krueger, Vecna chega para causar. O personagem, que é vivido por Jamie Campbell Bower, vai muito bem com e sem a maquiagem da criatura, dando ainda mais credibilidade ao medo do bicho, pois na nossa cabeça é uma pessoa. Seres humanos que viram monstros assustam desde a criação do nosso querido homem-lobo ou Lobisomem.

Vecna

E ainda sobre personagens, não podia deixar de citar Joseph Quinn como Eddie Munson, um sujeito extremamente cativante e bem construído. De suas citações aos hobbits ao melhor solo de guitarra da Netflix, Eddie coloca a série um degrau acima, tanto por seu ótimo carisma quanto por seu excelente desfecho. É tudo que posso dizer.

Voltando a dar uma última palhinha sobre a produção. A Netflix tem sido constantemente criticada por priorizar quantidade ao invés de qualidade em seus conteúdos, pois bem, parece que enfim a empresa caiu na real, e entregou uma das séries mais bem produzidas de 2022. A fotografia dos episódios e os efeitos práticos em Vecna, estão nada menos que excelentes e chega a ser lindo assistir… E isso dá uma certa credibilidade para quem quer continuar no streaming. A crítica fica apenas para o rejuvenescimento de Eleven, que pode causar algumas estranhezas, mas que ainda é aceitável considerando a dificuldade da técnica empregada.

Pois fim, considerando esses pontos, a série consegue ser muito mais do que foi em suas primeiras temporadas. Agora é pincelado temas mais sérios, como bullyng, homossexualidade, fake news, fanatismo religioso e etc. Tudo isso (e mais um pouco), gera uma carga de drama mais palpável, pois todos esses temas são por si só atuais e relevantes.

Stranger Things - que já vinha em ascendência - dá uma verdadeira guinada ao topo das séries, e está hoje no hall das melhores produções que vi em 2022.

AVALIAÇÃO: 4.5