O que Birdman disse que o público já esqueceu?
Ou nem se importou?
Publicado por: Lexrenato
Lançado há mais de 6 anos, Birdman foi anunciado despretensiosamente. Muitas pessoas foram vê-lo no cinema, achando que o mesmo seria mais um filme de super-herói, afinal, era isso que nos parecia ao vermos seus trailers. O que alguns não esperavam era que o longa propositalmente foi feito pensando em enganar, e que de brinde ainda esbofetearia durante quase 2hs a cara de fãs que esperavam outra coisa. Não deu outra, muitos saíam das salas antes mesmo do filme terminar.
continua após a publicidade
Ao escalar Michael Keaton, que por sinal está fantástico no papel, o longa fez um paralelo com a vida real do ator, pois aqui nesta obra, ele interpretara um homem que se tornou famoso nos anos 90 por dar vida a um super-herói baseado em animal e que, no presente, tem dificuldades de se encaixar, buscando no prestígio do teatro algo mais para sua carreira. (troque apenas Birdman por Batman). Não teria ator mais apropriado para o papel.
É possível retirar do filme várias mensagens importantes como uma bela crítica a nós críticos de cinema. Além disso, há a demonstração de atores complicados de se trabalhar, papel que foi dado cuidadosamente e inteligentemente a Edward Norton. Nem quero ainda discorrer sobre o famoso plano sequência, um dos destaques técnicos da produção.
A mensagem central, na qual o filme brinca bastante (para não dizer outra coisa), é com o fato das pessoas não quererem mais obras com teor filosófico, pois, segundo o próprio Birdman, elas são consideradas chatas. A procura desenfreada por ação, lutas e superpoderes tem dominado o mundo do cinema, e a voz do homem-pássaro está lá para lembrar o quão fracassado é o ator que não está seguindo essa convenção. Há um momento convenientemente que o ator Robert Downey Jr. (o famoso Homem de Ferro) está sendo entrevistado na televisão, enquanto Riggan (Keaton) está abandonado em seu camarim, um belo contraponto da situação de quem segue ou não este caminho.
A mensagem central, na qual o filme brinca bastante (para não dizer outra coisa), é com o fato das pessoas não quererem mais obras com teor filosófico, pois, segundo o próprio Birdman, elas são consideradas chatas. A procura desenfreada por ação, lutas e superpoderes tem dominado o mundo do cinema, e a voz do homem-pássaro está lá para lembrar o quão fracassado é o ator que não está seguindo essa convenção. Há um momento convenientemente que o ator Robert Downey Jr. (o famoso Homem de Ferro) está sendo entrevistado na televisão, enquanto Riggan (Keaton) está abandonado em seu camarim, um belo contraponto da situação de quem segue ou não este caminho.
Na época de seu lançamento, o filme conseguiu atenção de muitos, ganhando diversos prêmios pelo mundo, inclusive o de Melhor Filme no Oscar 2015. Porém, suas mensagens foram se diluindo no grande mar dos Vingadores, fazendo do longa conhecido “apenas” entre os chamados cinéfilos.
Martin Scorsese, em um fala muito famosa, comentou que os filmes da Marvel são "como parques de diversão" e que tais filmes "não são cinema". Obviamente é uma fala dura demais, pois tais produções com certeza são sim cinema, o que os fãs da produtora não entenderam, pois ignoraram todo o resto de sua entrevista, é que Scorsese queria pontuar o quanto esses filmes tomam conta das salas de exibição, obrigando a outros gêneros procurarem streamings por falta de espaço na grande tela.
Martin Scorsese, em um fala muito famosa, comentou que os filmes da Marvel são "como parques de diversão" e que tais filmes "não são cinema". Obviamente é uma fala dura demais, pois tais produções com certeza são sim cinema, o que os fãs da produtora não entenderam, pois ignoraram todo o resto de sua entrevista, é que Scorsese queria pontuar o quanto esses filmes tomam conta das salas de exibição, obrigando a outros gêneros procurarem streamings por falta de espaço na grande tela.
É claro que não podemos esperar que o gosto de especialistas em cinema seja o mesmo do grande público, é assim com várias artes como música, livros... Há vários estilos de cinemas, e não podemos dizer que esse ou aquele seja o mais correto, no entanto, o que se vê hoje é um quase que completo domínio de dois estúdios Warner/Disney, que destroem a capacidade até de se conhecer outras obras, e para piorar, tais estúdios já se engrenam também no mundo dos streamings, de onde se esperava algo "diferente" por parte da Netflix.
Há aqueles que digam que existem fases no mundo da sétima arte, e que tais longas baseados em quadrinhos estão ficando saturados, no entanto, não é o que os números das bilheterias tem nos demonstrado, pois pós pandemia, tais longas já estão voltando a dominar, tirando essa ou aquela exceção.
Birdman foi esquecido, e todas as suas críticas a indústria cinematográfica, foi quase que completamente apagada, jaz na mente daqueles que não aguentam mais universos compartilhados.
Talvez eu seja o exemplo de crítico frustrado por não ter me tornado ator, ponto levantado no filme, porém, não deixa de ser frustrante ainda ter que discorrer sobre os blockbusters para ter alguma fagulha de espaço nesta loucura que se tornou a mídia do entretenimento.
Lembro-me de ter lido um artigo sobre o famigerado Vingadores: Ultimato, no qual o colega jornalista aponta os diversos problemas do longa. O susto foi ver o que eu pouco tinha presenciado na vida, um profissional ser totalmente massacrado, insultado e escrachado por não ter gostado do filme. Os fãs pareciam ter saído direto da inquisição, só que ao invés de usarem chapéus típicos da religiosidade, usavam capacetes de ferro.
Ao menos me dou o privilégio de estar enganado, e torço que estejamos mesmo apenas em uma fase, porém, ainda me assusta pensar que tal período pode durar o tempo de uma vida.
Como disse, o que o longa demonstrou já foi quase que completamente esquecido, fazendo jus talvez ao seu estranho, mas compreensível título "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)".
Birdman foi esquecido, e todas as suas críticas a indústria cinematográfica, foi quase que completamente apagada, jaz na mente daqueles que não aguentam mais universos compartilhados.
Talvez eu seja o exemplo de crítico frustrado por não ter me tornado ator, ponto levantado no filme, porém, não deixa de ser frustrante ainda ter que discorrer sobre os blockbusters para ter alguma fagulha de espaço nesta loucura que se tornou a mídia do entretenimento.
Lembro-me de ter lido um artigo sobre o famigerado Vingadores: Ultimato, no qual o colega jornalista aponta os diversos problemas do longa. O susto foi ver o que eu pouco tinha presenciado na vida, um profissional ser totalmente massacrado, insultado e escrachado por não ter gostado do filme. Os fãs pareciam ter saído direto da inquisição, só que ao invés de usarem chapéus típicos da religiosidade, usavam capacetes de ferro.
Ao menos me dou o privilégio de estar enganado, e torço que estejamos mesmo apenas em uma fase, porém, ainda me assusta pensar que tal período pode durar o tempo de uma vida.
Como disse, o que o longa demonstrou já foi quase que completamente esquecido, fazendo jus talvez ao seu estranho, mas compreensível título "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)".