Entrevista #1 com Giulia - @giunocontrole
Publicado por: Lexrenato
Então pessoal, hoje estreamos um novo quadro aqui no Pllano Geral, em que entrevistaremos influenciadores digitais que amam, assim como nós, o mundo do cinema e muitas nerdices! Esse quadro tem o intuito de trazer um conteúdo um pouco diferenciado aqui para o site. Quem não gosta não é mesmo?
A escolhida de hoje foi a Giulia, criadora da página no Instagram @giunocontrole, em que ela faz resenhas de algumas obras pelo IGTV. Gente, depois de aproveitar a entrevista, não é pra esquecer de visitar o perfil dela, as resenhas são maravilhosas e super recomendamos!
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Separamos a entrevista em alguns temas que acreditamos ser mais relevantes no momento, enfim, chega de enrolação, vamos lá!
Cinema/Streaming
1 - Não sei acompanhou a recente confusão que a Warner Bros. causou
ao decidir lançar diversos longas que iriam para o cinema em seu serviço de
streaming, o HBO Max. A decisão causou reações em diversos
diretores como Denis Villeneuve e Christopher Nolan. Você acredita que essa
atitude da Warner pode ter sido mais um passo para o fim do Cinema como se vem
especulando? O que você acredita que a empresa deveria ter feito com seus
filmes neste período de pandemia?
R – "Acredito que mesmo com
a quantidade de serviços de streaming aumentando, as salas de cinema
continuarão por muito mais tempo do que imaginamos. É como o jornal impresso,
grande parte da população vê as notícias pela televisão ou pelos celulares, mas
ainda existem aqueles que preferem o impresso acima de tudo, e continuarão
preferindo. Eu mesma sou uma entusiasta de salas de cinema, antes da pandemia
eu ia toda semana com meu avô (as vezes era só nós dois e mais umas 6 pessoas
naquela sala enorme), e creio que muitas outras pessoas são assim também, então
mesmo criando mais serviços de streaming o cinema não terá seu fim tão rápido
quanto imaginam.
Achei muito interessante essa jogada de lançar os filmes tanto no cinema
quanto na plataforma, a Disney+ planeja fazer o mesmo com seu novo filme
“Raya”, mas não acho muito inteligente cobrarem pelo filme se a pessoa já paga
o streaming. Ainda mais agora que estão tomando as medidas protetivas certas e
as pessoas estão voltando a ir ao cinema também, sai mais em conta eu assistir
no cinema do que pagar pela plataforma e pelo filme, entende? Na minha cabeça isso não faz sentido e é um
pouco excludente, mas ao mesmo tempo acho que fizeram isso para lucrar mais já
que a pandemia quebrou as pernas das indústrias cinematográficas".
2 - Ainda sobre streamings, não é de hoje que percebemos o grande
crescimento da Netflix em relação a outras produtoras, o que vem gerando uma
competitividade muito mais acirrada entre elas. O que você tem a dizer sobre
esse crescimento exponencial do streaming?
R – "Ao mesmo tempo que eu
adoro ter os filmes que gosto a alguns cliques para que eu consiga assistir,
acho que essa disputa entre produtoras (o que realmente virou, está sendo uma
corrida para ver quem consegue mais assinantes) está começando a ultrapassar os
limites. Daqui uns dias teremos que assinar uma plataforma diferente para cada
gênero de filme que queremos assistir, além de ser uma loucura porque ninguém
tem tanto dinheiro para pagar 27 plataformas diferentes".
Mulheres
3 - Recentemente tivemos o lançamento de Mulher-Maravilha 1984, que
causou grande polarização entre fãs. Uma das principais críticas ao filme, foi
como a diretora Patty Jenkins decidiu lidar com a violência, preferindo colocar
cenas com empurrões ou puxões ao invés da violência “mais comum”. Essa crítica
foi associada por alguns usuários pelo único fato de Jenkins ser mulher, o que
reforça um estereótipo de que mulheres não gostam de filmes com ação ou
violência. O que você tem a dizer sobre isso?
R – "Eu sou uma grande fã de
filmes de ação, de porradaria, de personagens que arquitetam planos e que dão
errados e aí tem que partir para a luta hahahaha se eu estou fugindo do padrão
eu já não sei, e gosto de pensar que não estou. Filmes não são feitos baseados
em gênero, não existe filme para homem e filme para mulher, existem filmes e
assiste quem quer. Não sei o que levou a diretora de WW 1984 a fazer as cenas
de luta assim, mas discordo totalmente da afirmação que esses espectadores
fizeram. Isso só perpetua o machismo na indústria cinematográfica, o que todo
mundo já está cansado de ver".
4 - Apesar de estarmos percebendo uma certa melhora em relação ao
protagonismo feminino em filmes e séries no geral, o que você acredita que
ainda falta para chegarmos em uma realidade no mínimo equilibrada?
R – "Fugir do padrão de
mulher perfeita e sempre sorridente, em primeiro lugar. Uma das coisas que me
fez admirar ainda mais a Brie Larson, a nossa Capitã Marvel, foi a posição dela
quanto aos espectadores chatos que a mandaram sorrir no poster de divulgação do
filme. Se o Robert Downey Jr e o Chris Evans não sorriram, por que ela teria
que sorrir? O filme dela não era de comédia para ela estar rindo no
poster, sabe?
Também acho que precisamos deixar
de lado a ideia de que todas as mulheres têm o mesmo corpo e é magro, porque
não é verdade. Uma das coisas que gostei na nova série da Netflix “Fate: A Saga
Winx” foi a inclusão da personagem Terra que é fora desse padrão e abraça essa
característica nela (poderia ter sido ainda melhor desenvolvida, mas para um
começo eu acho ótimo). É necessário que deem voz para as mulheres, e que deixem
elas fazerem elas mesmas".
Política
5 - A polarização política aqui no Brasil já dura alguns anos,
refletida ainda mais forte pelo cenário semelhante dos EUA. Por causa disso,
filmes como Borat 2, Os 7 de Chicago e a série The Boys, tiveram ainda mais
impacto, pois são vistos de forma extremamente positiva por uns e extremamente
negativa por outros. O que você tem a dizer sobre os impactos da política nas
produções de filmes e/ou séries?
R – "Eu tenho um pensamento
e há quem discorde dele, mas eu acredito que 99% das coisas hoje em dia é
política. Tudo o que fazemos tem um impacto social, nós não podemos mais
separar o futebol da política, muito menos o cinema que tem um leque tão grande
de jeitos e produções para abordarem assuntos pertinentes. Não devemos resumir
tudo à política, mas há política em praticamente tudo, entende? É
necessário que criemos essa visão crítica das coisas e começar a perceber que
muitos pensamentos que perpetuamos estão errados e começar a mudar eles, e
acredito que é mais fácil perceber eles em produções cinematográficas. É um bom
lugar para começar, e absorver o que vemos na tela e colocarmos em prática no
nosso dia a dia".
Cinema Nacional
6 - Sobre o cinema nacional. No ano de 2019 tivemos um grande
título como Bacurau, que fez sucesso até em premiações internacionais. O que
você acredita que falte para diretores e diretoras brasileiras terem mais
reconhecimento, tanto fora, quanto aqui no Brasil?
R – "Uma coisa que deveria
começar aqui, primeiramente, que é o fim do preconceito com o cinema nacional,
e parar de pensar que o Brasil só serve para filmes de comédia. É claro que
Minha Mãe É Uma Peça e Vai Que Cola são ótimos, mas o cinema brasileiro vai
além de risadas e clichês. Nós tivemos uma ótima série produzida pela Netflix,
a 3%, que foge totalmente do esperado, e não é valorizado. Os brasileiros
precisam parar de enaltecer tanto o que vem de fora e começar a valorizar o que
é deles, e assim os nossos diretores podem começar a serem mais reconhecidos lá
fora. E que o pessoal de fora começa a valorizar o que vem de fora, mas isso já
são outros quinhentos mais difíceis de mudar".
7 - Em uma reflexão em grupo, estávamos discutindo qual o impacto
que canais de TV aberta como Globo e Record, tem na produção e percepção de
filmes nacionais, pois os filmes produzidos por essas empresas geralmente têm
qualidades questionáveis. Você acredita que esses canais têm impacto no
estereótipo de que o cinema nacional é sempre ruim? O que você acredita que
pode estar reforçando também essa ideia?
R – "Não ruim, mas que vive
num ciclo vicioso de clichês e de produções baratas, talvez. Se essas
produtoras se dessem um pouco mais de trabalho de produzir filmes que fogem do
mesmo roteiro (até adaptando algum livro brasileiro como O Reino das Vozes que
Não Se Calam, por exemplo), seria um início para sairmos dessa bolha de que o
cinema brasileiro é ruim. Ele é repetitivo e mão de vaca hahahahaha mas tem
grande potencial, principalmente com vários dos nossos artistas, que até vão
pro cinema estrangeiro para serem mais valorizados.
Acho que é um ciclo: produção barata – espectadores não gostam – acham
que é só isso que o nosso cinema faz – criticam – desmotivam a produzir –
produção barata; a gente precisa quebrar esse pensamento agora que os filmes
brasileiros estão fazendo sucesso lá fora, como Bacurau".
8 - Como não poderia faltar, qual sua indicação de um bom filme
brasileiro para os leitores aqui do site? Por que ele é o indicado?
R – "Vou indicar três para
não me empolgar tanto hahaha o filme Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, Califórnia e
Léo e Bia. Acho que tratam de assuntos importantes e de forma leve, gosto das
atuações e das trilhas sonoras, e foram filmes que de certa forma marcaram o
meu ensino médio porque assisti os três nessa fase e eles retratam adolescentes
se tornando jovens adultos, uma fase bem conturbada e trataram ela de forma
real, e isso foi muito importante para mim. Bom, para quem assistir, eu espero
que goste!"
Redes Sociais
9 - Você tem uma página no Instagram em que faz resenhas de filmes
e séries. Como você acredita que sua opinião tem impactado na visão dos seus
seguidores sobre obras que você resenhou?
R – "Nossa, é muito doido
pensar que minha opinião sobre algo causa algum impacto assim hahaha a minha
página começou mais como uma brincadeira para eu indicar filmes para os meus
amigos que toda hora me perguntavam o que deveriam assistir e hoje eu bati 800 seguidores!
É muita loucura pensar que foi tão rápido e do nada, mas eu espero que minha
opinião esteja ajudando as pessoas a decidirem se devem ou não assistir os
filmes que eu trago para lá e gosto, e espero que eles assistam os filmes com
um olhar mais crítico e os entendam como eu entendi, ou entendam melhor".
10 - E por fim, quais são seus planos para o futuro? Existem novos?
Até onde quer chegar com sua página?
R – "Como graduanda em
jornalismo eu gostaria muito de continuar com a página e seguir para essa área
do entretenimento, já que é uma paixão minha, e eu espero alcançar mais pessoas
e que seja uma troca: eu indicando e falando o que achei e eles fazendo o
mesmo. Fiz a página para estar sempre aberta a conversar sobre os filmes que eu
gosto e encontrar pessoas com o mesmo gosto, e espero continuar assim".
É isso aí galera! Espero que tenham gostado. Fica aqui um agradecimento especial a Giulia por ter aceito participar e responder a todas essas perguntas. E bem, aguardem, pois logo logo teremos mais.