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Por que o Snyder Cut é tão importante?

Snyder Cut

Publicado por: José Renato
 
Nota: Neste último sábado (22/08), tivemos o evento DC FanDome, que trouxe novidades de várias produções da DC Comics para os próximos anos. No evento, foi finalmente liberado um trailer do Snyder Cut. Esse texto foi escrito alguns meses antes.
 
Mesmo que você não seja fã das obras pesadas do diretor Zack Snyder, deve ter visto há algumas semanas atrás, notícias do tão famoso Snyder Cut. O anúncio do filme bombou tanto, que é quase impossível não ter visto nada a respeito. Passando nos perfis do HBO Max no Twitter e no Instagram, constatei que o anúncio desse filme é disparado a postagem de mais sucesso. 

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Para te contextualizar rapidinho. Snyder foi contratado pela Warner para fazer um universo compartilhado dos personagens da DC Comics, o DCEU. Após os filmes O Homem de Aço (2013) e Batman vs Superman (2016), Snyder produziu um longa que reuniria vários integrantes desse universo de uma só vez, o polêmico Liga da Justiça (2017). Acontece que em dado momento uma das filhas do diretor cometeu suicídio, forçando assim Snyder a sair (ou ser expulso)  da direção do filme, com isso a Warner aproveitou e contratou o diretor Joss Whedon, que já tinha produzido filmes de sucesso na Marvel, Vingadores e Vingadores: A era de Ultron. Assim Whedon ficaria responsável em terminar o longa de Snyder e fazer algumas alterações criativas. O que se viu ao final de tudo isso foi uma das piores montagens que pude ver na grande tela, um completo desastre.

Principalmente a fanbase da DC - que são muitos - ao ver aquela Emília travestida de filme, passou a fazer campanha pelo Snyder Cut, que seria a versão de Liga da Justiça produzida originalmente por Zack Snyder, sem as alterações feitas por Whedon. A campanha levantava várias vezes a hashtag #releasesnydercut, algo como “lance a versão de Snyder”, um apelo desesperado para a liberação por parte da Warner.

Durante todo esse período de embate de fãs vs Warner, Snyder sempre foi muito claro em suas redes sociais. A sua versão do filme existe sim! o que acalorava cada vez mais os fãs no mundo todo.

Mas ok, essa novela você talvez já conheça, o que tem isso de tão importante? Bem, poderia eu focar na vitória por parte dos fãs, que sim, foram um grande peso para o filme se tornar realidade, mas prefiro discorrer um pouco sobre o outro lado. O diretor.

Era evidente o entusiasmo de Snyder ao falar do universo que estava criando para os personagens da DC. Para aqueles que, assim como eu, o seguem no Twitter e via suas lives no Vero, era de se perceber o amor com que respondia e explicava cada pequena coisa que colocou no filme, quase que um pai falando orgulhoso das conquistas do filho. E é exatamente aqui que quero chegar. De certo que a perda da filha deve ter sido um sofrimento imensurável, mas para além dela, o diretor perdeu também todo o seu projeto e todo o seu investimento criativo. Era perceptível acompanhar o desgosto do homem ao ver tudo aquilo ser desmontado. 

Save Martha

Snyder não é um santo como muitos fãs querem pregar, nós sabemos dos vários erros existentes em BvS (a famosa cena do "Salve Martha" por exemplo), no entanto, o diretor foi arrancado da sua versão da história, sendo esculachado por algo que ele tanto queria fazer, e ainda levou certa culpa pelo desastre do seu projeto modificado. 

Sabemos é claro que a produtora faz filmes pelo dinheiro, já que não faz sentido uma empresa financiar algo com milhões se não for esperando lucrar muito mais com aquilo. É mais do que óbvio o interesse da Warner em alavancar o seu novo serviço de streaming (o HBO Max), pois como não é boba, vem percebendo o alcance que tem o longa entre os fãs nas redes sociais. Sendo assim, a lógica comercial diz que esse filme agora faz mais sentido, pois a possibilidade de uma quantidade enorme de usuários assinarem o HBO Max unicamente por causa do Snyder Cut é uma realidade mais que evidente.

As vezes reflito se sou um defensor fervoroso do Snyder, pois o defendo em cada discussão que apareça. Confesso que sou sim a certo modo, já que gosto da visão que o diretor tenta trazer às suas obras, no entanto, falamos aqui de algo muito maior, ou seja, os sentimentos de um ser humano que perdeu muito. Além disso, gostar de algo ou de alguém, não significa que não devemos criticá-lo, e me defendo sempre apontando as péssimas escolhas criativas em BvS.

Voltando ao desmonte, talvez você saiba, - ou talvez não - como é ter orgulho daquela pequena imagem tratada, daquele texto maravilhoso que escrevemos, ou de qualquer produção em que investimos tempo, disposição, pesquisa, até chegarmos a melhor versão do que podemos fazer. Ter orgulho dessas nossas produções é bom, e é inerente a todos nós. Isso também dá significado a nossas vidas. Por que mais você faria qualquer coisa pública se não fosse para os outros verem? E para se agradarem do seu trabalho? Sentir o gosto de um elogio também nos dá uma puxada de corda. Nós queremos reconhecimento, nós também vivemos da satisfação de nossas conquistas.

O Snyder Cut não é só uma conquista dos fãs, é a vitória de um homem, de um ser humano que está tendo a oportunidade de sentir, mesmo que de relance, o prazer do seu mais ambicioso projeto. 
 
Aleluia!