Por que vilões ou anti-heróis são tão admirados?
Você
alguma vez já se perguntou por que gosta tanto desse ou daquele personagem? Já
tentou refletir qual a razão de querer ser ele, ou ao menos ter características
semelhantes? Bem, vamos discutir.
Vamos
pegar alguns exemplos:
Na
famosa obra de Kishimoto – Naruto – O personagem Sasuke é coluna central no
desenvolvimento do roteiro, fazendo dele também protagonista do anime. Com
isso, o Uchiha revoltado acumulou uma base de fãs bastante extensa, o que fez
dele talvez o personagem mais amado da série toda. O rapaz traz consigo
personagens como Itachi, Madara e por vezes até o Nagato. Mas afinal, o que eles
têm em comum?
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Já
se pensarmos em Yu Yu Hakusho, te desafio a arriscar qual personagem tem uma das
maiores fanbases da série. Isso mesmo, o malvado Hiei. Para fechar as
referências em animes, Vegeta e Ikki são comumente lembrados e muito queridos
em suas respectivas obras.
Tudo
bem, talvez você diga que esse efeito aconteça apenas em animes, é aí que te
dou outros exemplos.
Nosso
amigo palhaço do crime, é tão ou até mais conhecido que o seu inimigo homem
morcego, o próprio é por muitas vezes a estrela dos filmes, e a admiração por
tal personagem é praticamente universal. Já se pensarmos no Universo Marvel,
Thanos e Loki recentemente roubaram a cena nas obras em que participaram.
É
importante lembrar que gostar desses personagens não tem nada de errado, por
sinal, não se sinta mal se você é fã de algum dos citados.
O
que acontece então? Bem, tal atração pode ser explicada por algumas razões,
porém, tem um motivo em especial que é o cerne de todo esse nosso gostar:
A Humanização de suas
personalidades.
Se
voltarmos a falar da obra de Kishimoto, o protagonista da série – o Naruto – é representado
quase sempre como um personagem que nunca desiste, sua força de vontade faz com
que ele sempre vença seus desafios, e essa “perfeição” gerada em torno dele, e
em muitas outras obras, tende a nos afastar, pois não conseguimos ser assim o
tempo todo. Itachi pelo contrário, é representado sempre como alguém que sofre,
que comumente faz escolhas difíceis, que as situações estão dando errado muitas
e muitas vezes, e isso nos aproxima de seus dilemas, causando em vários de nós
uma forte identificação.
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Walter
White, na famosa Breaking Bad, é “obrigado” em decorrência de circunstâncias da
vida que você possivelmente já conhece, a fazer escolhas que são consideradas
erradas, no entanto, muitas de suas atitudes são consideradas compreensíveis. Você
sabe a razão a qual levou o personagem a fazer aquilo, e em um contexto acertadamente
inserido, nós estamos habitualmente o comparando a nossas próprias vidas.
Segundo
Duarte (2013), o desenvolvimento da personalidade dos indivíduos está
condicionado pelo desenvolvimento já alcançado pela sociedade da qual ele faz
parte, uma vez que o psiquismo humano é histórico e social. Dessa forma,
percebemos que as mídias de cunho “nerd” estão
cada vez mais comuns na vida de todos nós, e a vilania inserida em tais obras
também influenciam na criação de nossas próprias personalidades.
Por
muitas vezes, o vilão é colocado em um ideal de beleza, sendo assim, ele é
culto, é inteligente e é sedutor, aqui podemos citar vilões como Hannibal Lecter.
Nesse aspecto, podemos encaixar também uma discussão sobre gênero, já que tal
identificação é aparentemente mais comum em homens e/ou meninos, porém, essa
reflexão ficará para um próximo artigo.
Com
personalidades complexas, na qual na maioria das vezes é muito mais
desenvolvida que o próprio mocinho, vilões e anti-heróis trazem consigo
aspectos de nossas próprias vidas, eles têm o que nós não temos, eles são o que
queremos ser, e longe de um ideal de pessoa que nunca erra, eles são
humanizados assim como nós.
E
aí, vai dizer que você prefere o Seya? Um abraço!
Referências:
BISSOLI, Michelle de Freitas. DESENVOLVIMENTO
DA PERSONALIDADE DA CRIANÇA: O PAPEL DA EDUCAÇÃO INFANTIL. Psicologia em Estudo, [s.l.], v. 19, n.
4, p.587-597, dez. 2014. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/1413-73722163602.Conversa Cult: Por que amamos os
vilões.
FERNANDES, Isabelle. Por que amamos os vilões? Conversa Cult, 18-2014.
Disponível em:
<http://www.conversacult.com.br/2014/04/por-que-amamos-os-viloes.html>.
Acesso em: 15 de setembro de 2019.