A Viagem de Chihiro | Crítica
ESSE ARTIGO
CONTÉM SPOILERS!
Não é de hoje que muitas animações do estúdio Ghibli são reconhecidos por sua qualidade, não apenas da produção gráfica dos desenhos, mas também por suas várias camadas de roteiro, que fazem com que suas animações sejam muito mais que um simples e mero entretenimento.
A Viagem de Chihiro não é diferente, o anime lançado em 2001
e com cerca de 120min de duração, não é nada além de uma maravilhosa obra de
arte. Suas camadas são tantas, que tenho certeza ter deixado passar essa ou
aquela mensagem. De qualquer forma, lhes digo o que entendi.
Capitalismo e Gula:
Aqui,
o anime já manda um tapa na cara desde início. Os pais encontram um monte de
comida e começam a usufruir despreocupados, justificando a todo momento que
podem pagar quando quiser (porcos consumidores). A comida, é constantemente
apresentada como crítica. Em outro momento, a criatura Sem Rosto, passar a oferecer ouro para os funcionários da casa de
banho, e ali, ele passa a comer totalmente sem controle os outros a sua volta.
Quanto mais o Sem Rosto come, mais
ele quer comer, ao mesmo tempo que os funcionários estão totalmente perdidos em
busca do ouro que ele oferece, fazendo todo o possível para terem cada vez mais.
Assim como os funcionários ou a criatura sem rosto, podemos ficar perdidos na
gula ou em nossa busca desenfreada por dinheiro.
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Meio Ambiente:
Na
obra, Chihiro é constantemente conectada
de alguma forma com o Rio – ela até
conta uma estorinha de quando era mais nova – e essa ligação obviamente não é
por acaso. Em dado momento quando ainda trabalhava na casa de banhos, uma
criatura toda gosmenta e fedorenta aparece para usar os serviços do local. Aqui
a alegoria chega a ser até um pouco óbvia, mas pode passar desapercebida aos
olhos mais desatentos. Em um ato simples, a menina começa uma corrente para
salvar aquela criatura de um “espinho”,
e conforme a cena evolui, você vai percebendo que aquele espinho são várias e
várias coisas velhas, uma montoeira de lixo, que vão sendo retirados da
criatura até que ela fique completamente limpa e livre. O que você acha que era
aquela criatura?
Identidade:
Talvez
o tema mais subjetivo da obra, o filme busca a todo momento nos levar a
reflexão sobre nossas próprias identidades. Desde a cena que Chihiro é obrigada a mudar de nome
quando começa a trabalhar, em uma alegoria clara ao que as grandes empresas
fazem com nós mesmos, a outras várias cenas em que a menina transita entre a
sua antiga Eu e a Nova – como quando ela atravessa o
túnel no início e volta a atravessar no final – aqui a mudança e a construção
de nossas personalidades é posta em jogo. A menina muda, de uma medrosa que não
quer ir ao escuro, a uma menina decida, firme em suas decisões e que resolve
seus próprios problemas. Aqui é apresentado o velho “Arco do Herói” (posso explicar sobre ele depois se estiverem
interessados), no entanto, o arco foi tão bem construído, que nem se quer
lembrei desse detalhe no momento em que assistia.
Ainda
nesse tópico, interpretei a cena do túnel como um abrir de olhos de criança
para o mundo adulto. Quando tudo parecia muito mais leve quando eramos mais
jovens, e de repente tudo muda, se torna mais sujo, mais sofrido, e a beleza ou
magia de várias coisas foram embora.
NOTA DO ANIME: 9,2
Logo
irei trazer críticas de outros animes, fiquem ligados!