Chernobyl | Crítica
Com o final de Game of
Thrones, a HBO se encurralou em sua própria estratégia. Com tantas assinaturas
feitas para assistir as aventuras de GoT, como impedir que todas essas pessoas
desistam do streaming com
encerramento da série? Bem, eles tiveram uma ideia.
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Chernobyl é uma mini série
baseada no famoso acidente nuclear ocorrido na União Soviética, território ucraniano.
Com “apenas” 5 episódios – e um sexto especial –, o seriado conquistou o
público e a crítica especializada rapidamente, entrando no hall das grandes
produções televisivas.
O acidente em si dispensa
apresentações, você já deve ter ouvido falar sobre ele em filmes, outras
séries, desenhos e etc., o fato tem proporções tão grandes, que emanou também
sua radiação em vários tipos mídias. Se tiver curiosidade em compreender melhor
o ocorrido, recomendo o vídeo do canal Ciência Todo Dia, link aqui.
O
que faz a série tão especial?
Primeiramente o trabalho da
produção em ambientar a antiga USSR é maravilhoso. Tudo está impecável, a
cidade, os cenários, os figurinos, a representação da usina, tudo mesmo, não há
nada que você consiga questionar. A HBO criou um novo nicho na televisão, e não
há nada tão fiel quanto o que eles fizeram (referente ao acidente).
Outro fator crucial nesse
tripé de sucesso foram as interpretações – aliados a equipe de som. Com
fidelidade de aparência física as pessoas reais, os atores e atrizes do seriado conseguiram transmitir toda aquela agonia. Seu sofrimento estava a todo
momento estampado em suas expressões. Sentimentos de medo, empatia, dúvida, tudo
está tão bem encaixado nas cenas, que é quase impossível não se envolver. Somado
a isso, o trabalho da equipe de efeitos sonoros te deixa por muitas vezes em
estado de alerta, já que constantemente colocam aquele barulho característico
de equipamento detectando radiação.
Por último, e o que para mim
o seriado tem de mais valioso, é a sua adaptação de roteiro. Com uma história
praticamente pronta – o que não diminui a dificuldade de sua realização –, os
produtores decidiram focar não apenas na perspectiva da ação do acidente, mas
sim nas pessoas que estavam a sua volta. Decidiram eles focar em nossos conflitos
morais, nas consequências de nossas escolhas, nas reflexões de verdade, ciência
e política. Chernobyl agora é uma história de medo, de nacionalismo, de
compaixão e de sofrimento. E aqui, a série ganha ainda mais status de grande produção.
A HBO demonstrou ainda todo
seu respeito aos envolvidos no verdadeiro acidente, separando os últimos
minutos da série para explicar o destino de alguns personagens. Dessa forma,
discursando sobre o que podemos ser e o que devemos fazer, o tal famoso
acidente nos dá ferramentas para sermos melhores do que fomos anos atrás.
NOTA
DA SÉRIE: 9,4
“É fácil pensar nisso como um filme de
desastre, mas não é. É uma história sobre pessoas”.
Luke Hull - Production Designer of Chernobyl.