Como Analisar um Filme?
É comum para nós, amantes de
cinema, estarmos conversando com amigos e sempre rolar aquelas discussões sobre
o quão bom ou ruim é alguma obra. Em minha experiência dessas discussões,
acabei percebendo que muitas vezes os colegas estão se referindo a aspectos
diferentes do mesmo filme, contra argumentando um ao outro com situações que
não deveriam ser comparadas, o exemplo mais comum é confundir o roteiro com a
proposta feita pelo diretor. Fiz esse tutorial introdutório, para você ter o
básico na hora de discutir com esses amigos, esse texto é voltado
principalmente para quem nunca teve – ou teve pouco – contato com a linguagem
do cinema.
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Para se ter um filme, é
necessário que vários segmentos estejam convergindo e se unindo de forma
harmônica – ou pelo menos próximo disso – para que você possa ter uma
experiência audiovisual completa. Basicamente você precisa estar atento a esses
aspectos:
1:
Visual – O visual do filme é tudo que você vê na tela, é tudo
aquilo que você está assistindo. Para muitos esse é o aspecto mais importante
de um longa. Nesse grande conjunto do visual, você encontra várias outras
pequenas categorias como efeitos especiais, efeitos visuais, fotografia, e etc.
Aqui é comum as pessoas focarem apenas no aspecto de efeitos especiais, que são
aquelas cenas fantasiosas – um dragão por exemplo – e o quanto ele parece ser
realista ou não. Aqui o filme é julgado de forma negativa quando lhe atribuem
que seus efeitos especiais são ruins. Para analisar de forma mais “justa”, você
precisa ter uma percepção ampla, como as vestimentas dos personagens, os
cenários, as luzes, os jogos de câmera. Expanda sua mente para o além do CGI.
2:
Sons
– Talvez o aspecto mais esquecido pela maioria, porém, os sons também são muito
importantes. Desde a época do cinema mudo, os sons foram tomando cada vez mais
uma proporção relevante nas obras. Hoje é muito comum as trilhas sonoras fazerem
muito sucesso, e algumas são importantíssimas para dar sentido as suas
respectivas obras – vide “Guardiões da galáxia”.
No entanto, não se resuma as músicas, novamente, aquela ideia de conjunto,
analise de uma forma geral. Um ótimo exemplo de como o som foi usado de forma excelente
foi o filme “Um lugar silencioso” de John Krasinski, que apesar do nome, faz
você ficar atento a qualquer tipo de
barulho emitido. Aqui temos as subcategorias de mixagem de som, efeitos
sonoros, trilha sonora e etc.
3:
As interpretações – A interpretação se dá na forma como o ator
ou atriz nos passa a essência de tal personagem. Seus trejeitos, forma de
falar, expressões faciais... aqui nós saudamos muitas vezes interpretações mais
próximas do que faria um ser humano real, no entanto, não necessariamente
precisa ser assim. Voltamos com a palavra coerência, não esqueça dela. Compare
por exemplo os Coringas de Heath Ledger e Jared Leto, o que fez o de um ser
ruim e do outro bom? São personagens fictícios afinal. Temos muitas variantes
para analisar aqui, porém, resumidamente, o que aconteceu foi que Leto utilizou
uma linguagem teatral para composição do seu vilão, o que quebrou a coerência
com os outros personagens do filme, já Ledger fez uma interpretação mais inserida dentro
daquele universo, o mesmo compôs um personagem “realista”, - apesar dos
trejeitos – já que o filme trazia essa como proposta central do diretor Christopher Nolan.
4:
O roteiro (história) – Eu sei que já estou ficando repetitivo,
mas aqui novamente você precisa estar atento as coerências. Um bom roteiro é
aquele que sabe a mensagem que quer te passar, ele pode dar voltas as vezes,
porém, ele vai te levar a exatamente onde queria chegar. Um dos maiores
exemplos de roteiro maravilhoso é a obra “O
Poderoso Chefão” de Francis Ford Coppola, aqui, tudo dentro
daquele universo faz sentido. A forma com que os diálogos são arranjados e os acontecimentos
vão tomando forma, te leva a praticamente esquecer que aquilo é um filme. Outro exemplo
que posso citar é o filme “O Sexto
Sentido”, de M. Night Shyamalan, aqui todo o roteiro
converge para um plot twist (farei um texto explicando com detalhes em breve), que te deixa de boca aberta, e ao re-assistir você percebe
o quanto tudo aquilo foi milimetricamente articulado.
Uma dica essencial é que
você precisa analisar ao que um filme se propõe. Você não pode achar que um
filme é ruim simplesmente por que ele não é o estilo que gosta. Nunca
esqueça essa dica, o que o filme quer dizer? Qual mensagem? Ao que ele se
propõe?
Então é isso, não esqueça
que aqui há um mar de subtemas para serem pensados em todos esses 4 aspectos. Esse
texto é apenas para você começar a prestar a atenção e começar a refletir sobre
eles. Todos os pontos mencionados são profissões amplas, profissões de respeito
e que tem anos de estudos em suas áreas, esses meus pequenos parágrafos estão
apenas molhando seus pés no oceano que é o cinema. Porém, você já sabe para
onde ir, quando assistir a um filme da próxima vez, reflita tentando sempre
observar esses grandes grupos.
Adiante pretendo discursar
mais sobre cada um desses aspectos, para você evoluir cada vez mais em suas
percepções cinematográficas. Espero que tenha gostado, um abraço!